Pedro Lourenço em Campinas/SP

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Pedro Lourenço tem 20 anos, é o estilista mais jovem do mundo. Sua estreia foi na badalada Semana de Moda de Paris, onde arrancou aplausos entusiasmados da plateia. A herança genética explica, em parte, o sucesso precoce. Ele é filho de Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço, dois dos principais estilistas brasileiros. Em casa, ainda criança, aprendeu mais do que guardar as suas roupas e escovar os dentes após as refeições. Desde muito cedo, sabia diferenciar estilo contemporâneo de clássico, por exemplo. 
Sua premiere internacional veio após uma temporada de estudos na Europa. “Por enquanto, não penso em desfilar no Brasil. De Paris, vou para o mundo”, enfatizou em sua rápida passagem por Campinas para o lançamento da sua coleção de inverno 2010/2011, na loja Fizzy Blue, no Cambuí. É a mesma coleção de estreia na passarela francesa neste ano. 
Pedro investe em formas rígidas e geométricas, tendência clara para as próximas temporadas. Mais do que paradoxal, ele gosta de definir seu estilo como “radical”, com grafismos e estrutura. “Gosto da contraposição de agressividade com delicadeza”, diz o estilista. Ele relata que as referências dessa última coleção, como a verticalidade e a silhueta império, viream de inspirações como o Museu da Caça de Paris e o legado do arquiteto Oscar Niemmeyer, especialmente o Edifício Copan, em São Paulo. Com uma habilidade técnica impecável, Pedro retrata em suas peças uma mulher confiante e “independente, que pode ser facilmente desmistificada, após conhecermos sua fonte de inspiração.” 
A “primeira vez” do estilista aconteceu na São Paulo Fashion Week (SPFW) de 2003. Ele tinha 12 anos e assinou o desfile de Carlota Joakina, a segunda marca de sua mãe. No inverno de 2005, ele apresentou nova coleção e, na SPFW para o verão de 2008, mostrou suas famosas mulheres-pássaros, arrebatando elogios. 
Embora tenha uma visão bem definida sobre o próprio trabalho, Pedro gosta de ouvir opiniões sobre suas criações. Cathy Horn, do New York Times, foi uma das editoras de moda que analisaram seu portfólio num encontro reservado. O designer procurou também Marie Rucki, diretora do estúdio Berçot, amiga de Reinaldo Lourenço e Gloria Coelho, e o diretor da central Saint Martins, conceituada escola de moda de Londres, que o aconselhou a não estudar estilismo e, sim, outros temas, como modelagem, arte e design. “Eu cresci nesse meio, já sabia muita coisa”, diz o jovem, que considera “o caminho do design” as peças exclusivas, que não podem ser copiadas pela indústria do fast fashion (que vende peças com informação de moda a preços baixos).



“Afetação é démodé”

Mimado pela moda brasileira desde cedo, Pedro Lourenço quer imprimir um outro tipo de personalidade como criador contemporâneo. “A afetação é démodé. Mas tem afetação e tem ponto de vista forte. Isso você não pode abandonar, senão se perde”, acredita. Ele garante que considera as críticas, quando bem-feitas, importantes para o desenvolvimento do estilista. 

A carreira precoce no competitivo mercado europeu lhe valeu o título de “menino prodígio”, que rejeita. Para ele, a trajetória é natural. “Tenho o ponto de vista jovem e fresco de uma geração que ainda não está trabalhando. É muito diferente crescer com a internet. É uma linguagem mundial. Isso é algo que nenhum dos estilistas atuais viveu”, aponta. 
Hoje, Pedro Lourenço divide seu tempo entre a Capital paulista e o Exterior. “Moro em São Paulo, mas todo mês viajo para Paris. Fico uma semana por lá e volto. As produções das minhas peças são feitas no Brasil”, conta.
Reportagem de Daniela Nucci – Revista Metropole – 28/11/2010
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